terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Conversando com Myriam Jehane Ciconha


Por Equipe Wolff

O artista e sua arte


Reinaldo: O artista precisa ser compreendido no seu todo. Não pode ser analisado parcialmente. É preciso que ele seja visto com a arte que ele expressa.
Jehane: Com certeza. Eu vi um filme até, recentemente, que se chama “A vida dos outros”. Um filme que me tocou muito, que eu acho que conta também um pouco disso tudo. Porque a gente está aqui em representações, a gente está em palco. Mas fora disso tudo há algo muito maior. É na alma. Tinha uma música, que um artista estava tocando, que era a música dos homens justos, dos homens bons. Depois que as pessoas estavam na vida dos outros, nesse filme. Depois que as pessoas tomavam conta da vida deles, porque as pessoas eram perseguidas, e tudo, depois que as pessoas ouviam essa sonata do homem bom, ele se transformou num homem justo. E ele protegeu esta pessoa. Então, eu acredito na transformação social.

R: A mãe, como escritora, e uma das primeiras jornalistas deste país, por ser jornalista veterana, anterior à faculdade e tudo isso, ela foi capaz de gerar um novo estilo, que atualmente está muito em voga, e está como pós-graduação, é o jornalismo literário. Em que há o aspecto artístico, no trabalho do jornalista. Não apenas como captador da notícia, mas influir na tomada de decisões de uma forma positiva. E gerar na pessoa, uma iniciativa positiva. E depois, se você ler o trabalho dela, tenho certeza que vai gostar muito.
J: Ah, vou gostar muito!

Felicidade


R: Então, o que é necessário para um relacionamento ser feliz?
J: No âmbito geral, acho que o respeito está acima de tudo. O respeito é algo que vai além de tudo. Porque cada um é um ser humano que tem suas crenças, tem sua formação... Seus valores imbuídos desde pequeno. Então, eu acho que o respeito por isso tudo, vai numa compreensão maior. É muito difícil, mas acho que é algo fundamental.

R: O respeito não seria basicamente por você compreender a outra pessoa?
J: É mais do que apenas compreender. Porque pode compreender e não aceitar. Mas entender, ou a gente pode respeitar. Respeitar por mais que aquilo doa, mas é respeitar. Por exemplo, se eu tivesse que viajar a trabalho, ou qualquer coisa assim, eu acho que, um ser humano que ama, que gosta, que entende, ele respeita algumas decisões também.

R: Isso mesmo. Então, você já encontrou a sua cara metade?
J: Não. Não encontrei. Eu vislumbro isso, eu consigo imaginar. Porque o ator, em si, não precisa viver aquela experiência, pra ele representar aquilo. Ele não precisa. Porque se ele fosse matar alguém, numa novela, ele precisaria matar alguém na vida real? Não, isso não existe. Ele não precisa disso. Ele está aberto a novas experiências, né? Então eu tenho vislumbres do que é isso. Imagino. Eu consigo atingir um pouco esse sentimento, como artista. Mas no âmbito pessoal, não.

R: Se bem que, eu vejo como importante o trabalho do ator, mas há uma certa semelhança, do homem para o meio ambiente. E a influência do meio ambiente para o homem, ou mulher. Então o ator, há momentos que ele começa, e não se dá conta, a influência de certos pensamentos são perturbadores.
J: Concordo.

O artista e a realidade de sua vida


R: O ator precisa ter uma auto-análise como forma de reciclagem.
J: Claro. Concordo plenamente e isso eu faço muito todo dia, e eu gosto muito de uma frase de Einstein: “Infelizmente as almas grandiosas se deparam com almas medíocres”. Agora o ser humano que está além disso, acima, ele acaba se deparando com almas medíocres.


R: É a escritora Ana Maria Wolff tinha o hábito de dizer: “Algumas pessoas tem missão curta e outras tem missões longas, espirituais”. Eu explico - As pessoas que tentam provocar o mal, na verdade,  têm uma missão curta, não é? Elas estão ali para te mostrar um novo caminho. E a pessoa que tem uma espiritualidade,  uma profundeza espiritual, ela te mostra um novo caminho profícuo, verdadeiro. Então o segredo é: saber esgueirar das pessoas negativas - é exatamente o que ela escrevia no Jornal A Voz da Serra. Tentou, durante o período que esteve lá escrevendo, transmitir às pessoas que é muito importante ouvir a Voz Interior. A Voz de Deus dentro de si. Essa Voz Interior leva a pessoa a encontrar um novo rumo. Isso é que salva de perigos, riscos, inundações, acidentes, então é muito importante ouvir a Voz Interior. Porém é necessário a pessoa despertar isso em si, por isso é que muitas vezes você vê uma pessoa ruim, representa que ela está te mostrando um caminho novo, mas também é necessário a percepção, para que evite o mal-feitor, uma pessoa ruim. Assim Ana Maria dizia que dessa forma, com percepção, o aprendizado se faz por entendimento, não havia a necessidade de aprender através do sofrer. A percepção estando aguçada, antes do momento de perigo, você conseguiria evitar aquele perigo.// 15/09/12

Fotos e editoração: Arthur Wolff
Digitação: Vitória Wolff


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