domingo, 30 de dezembro de 2012

AFI comenta a arte


Texto: Equipe Wolff

Sempre admirei muito quem consegue ser naturalmente engraçado. Rir a valer, provocar no outro esse riso solto, franco. É o máximo!
Um dia um francês aportou em São Paulo com seu curso de “CLOWN” (embora sendo ele francês, o nome é inglês - quer dizer “Palhaço”).
Ele explicou técnicas, que não entendi nada. Mas os alunos - anônimos que já eram artistas de circo, teatro - vieram dar exemplos de como se tornar engraçado. Como ser um tipo alegre, que sabe também fazer os outros terem a alegria de rir juntos. “O Mr. Bean é um clown bem sucedido”, diz alguém da platéia - “Um gênero de comédia dele, legal. Não imagino outro fazendo o mesmo tipo de comédia igual a dele”. Então, vamos juntos assistir essa aula:

CURSO DE TEATRO - A ARTE DO “CLOWN”


Clown é um jogo de cumplicidade com a platéia ou parceiro. Clown é um adulto com alma de criança, traz a infância em si. Constrói sua realidade e fantasia de forma livre. A nossa sociedade é cheia de padrões: inteligentes, bonitos, e perfeitos. O clown é o extremo prazer e liberdade, profundo observar. É transpor o lado negativo de tal forma a agradar. Atua junto com a platéia, não é imbuído de psicologismos. Embora haja nele o existencialismo: é o herói trágico e o ator perfeito que distanciou tanto da gente que já é o anti herói.
Clown tem uma história longa. Descende da comédia Del Arte (Arlequim = ingenuidade que está disponível para o jogo).
No Brasil, pouca tradição deste tipo de comédia. Houve Arrelia e Torresmo. No cinema, Chaplin. O clown trabalha em cima de sua fantasia. Mas para isso precisa alcançar muita técnica. A partir de 1950 é um tipo específico de teatro. Com mais sutileza e pureza. É uma ponte para o ator de liberdade e jogo teatral. Tem a alma nos olhos. É improvisador nato. Está sempre nesse lado lúdico da vida. Tanto que às vezes não precisa dizer nada. mas sempre precisa da intenção, por isso tem a mímica.
Utiliza seu corpo como um todo. Para a intenção de realizar a pantomima. Toda comédia tem que ter um ritmo.
O clown tem isso de brincar dentro desse ritmo. É uma linguagem que bate direto, reveladora do ser humano. Do interior. Como um espelho. O clown não é um tipo. O clown é como a gente só que do avesso. É o jogo do saber e ele sabe por si só e na hora de jogar quer agradar, ele não agüenta e não faz. Isso dá o cômico, o jogo da comicidade. O que é tragédia para um, é muito engraçado para o outro. Esse jogo que faz o clown com sutileza.
A magia está presente a qualquer tempo que somos nós mesmos. A magia não se deixa captar até que você se exponha a ela. As pessoas sentem falta da magia na vida. A fantasia, a liberdade é tudo isso, mais a força teatral da interpretação.
Existe um outro tipo de comicidade que é o bufão. O bufón, na Idade Média, era chamado de louco e se não divertia, era assassinado. (Hoje em dia se eles não fazem rir, eles são somente desclassificados nas competições de Stand Up). Eles viviam em permanente estado de loucura. E era um só na Corte. Como um cachorro adestrado à serviço do rei. O bufão está sempre criticando, debochando, e ironizando. Sempre trabalhando no sentido de agressividade. O bufão era um dedo em riste em toda a sociedade.
O clown é um crédulo, pronto a acreditar em tudo. Está livre para achar graça da vida. Porque ele também acha tudo muito engraçado. Não existem tantos adultos assim com alma de criança. Só uma pessoa livre interiormente é capaz de rir com naturalidade. // MW

Nenhum comentário:

Postar um comentário