Nossa entrevista
debate sobre o tema Educação. A seguir vamos compreender a estrutura de
pensamento do professor universitário face às crescentes mudanças e desafios no
modo de estudar e ver o mundo, na geração atual.
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RW: Eu acredito que a há o
designo, e o livre arbítrio. Quando o livre arbítrio encontra-se com o designo,
ou seja, a vontade de Deus para a sua vida, que o senhor passe para os demais
tudo aquilo que acumulou, em vidas sucessivas, ou mesmo nesta vida, para quem
não acredita em vidas anteriores, há um grande acúmulo de conhecimentos, e este
conhecimento tem que ser transmitido para o bem, para outras pessoas.
SLV: E há quem diga, quem
acredita em vidas sucessivas, que quem vem nessa vida para ser professor, não
aquele que está professor, aquele que é professor, que há uma diferença, dizem
que são espíritos antigos, espíritos velhos, que já viveram muito, e vem para
ser professor, para passar um conhecimento que não se restringe ao que você
aprendeu no livro...
RW: Para o bem da humanidade.
SVL: Mas um conhecimento de vida.
Então eu acredito nisto, sabe? Embora em não seja espiritualista na essência,
eu acredito nisto, porque eu percebo isto nas pessoas. Tem professores que são
apaixonados. Aí você vê, ele está dando uma contribuição muito maior do que
meramente leu no livro e transfere, aí ele é um mero instrutor, e não um
professor.
RW: Professor, e o seu trabalho
como empresário?
SVL: Bem, o que aconteceu, no
decorrer dessa minha vida como diretor financeiro, que eu fui diretor jurídico
e administrativo durante 10 anos no grupo Invest, eu, evidentemente, tinha
contato com o mundo empresarial e financeiro muito grande. E percebi, num dado
momento, que eu não queria mais trabalhar no mercado, não porque desgostasse do
mercado, mas porque eu precisava de coisas novas, não é? Eu acho que nós temos
ciclos na vida. Tem hora que você precisa fazer algo diferente! Então eu
percebi que eu podia ser empreendedor. Então eu falei - “Está na hora de eu
sair do mercado como empregado, como diretor, e empreender!”. Então resolvi
fazer pequenos empreendimentos. Restaurante, administrador, imobiliária. Mas
sem aquela coisa... Não é objetivo de vida. É poder fazer algo diferente, e
fazer bem. E aí eu entrei nessa linha de poder contribuir, não é? Não apenas
ganhar dinheiro, por ganhar dinheiro, mas contribuir de alguma maneira, com
algo que eu pudesse dizer - “Eu sou dono disso. E eu posso imprimir uma coisa
diferente, fazer de um jeito diferente, que me dê prazer”. E eu posso fazer
algo de positivo para as pessoas.
RW: Em aspectos beneméritos, o
senhor tem feito obras sociais?
SVL: Não. Uma coisa que eu acho,
é que quando a gente contribui, acho que não é bacana ficar divulgando o que
você faz de coração. Mas assim, é claro que eu contribuo para várias
instituições, por exemplo, Pintores Cegos, ABRAP... Várias instituições. E além
de pessoas que a gente acaba apadrinhando, ao longo da vida, não é? E você se
torna padrinho para ajudar um outro... Mas acho que a maior missão que eu tenho
ainda é a de professor. Porque quando você passa, no meu caso, 18 anos dando
aula, esse foi o mais importante que eu pude dar às pessoas é o conhecimento.
RW: Professor, como tem sido sua
carreira como escritor?
SVL: Bem, na verdade eu estou
devendo. Eu fiz o livro, no ano de 2011, Direito Educacional. Em 2008 eu também
escrevi uma síntese que foi publicada em São Paulo, sobre Direito
Constitucional, na área do Direito. São as duas grandes publicações. Eu tenho
alguns artigos científicos publicados. O último foi sobre educação, também.
Educação brasileira. Publicado em Brasília, ligado à Boni Iuris, revista do Supremo
Tribunal Federal. Mas eu não sou prolífico. Deveria produzir mais, porque quem
está no mundo acadêmico tem até o dever de produzir. Mas a questão é que minha
função administrativa, me ocupa um tempo que eu poderia dedicar a escrever. Mas
agora o meu projeto imediato é em maio, eu estou fazendo a defesa do meu
doutorado na Argentina, que está me consumindo muito tempo, e eu estou em
paralelo fazendo um doutorado como ouvinte na área de Educação. Então, termino
agora o Doutorado em Ciências Jurídicas Sociais, na Argentina.
RW: Qual a diferença de ouvinte e
de participante?
SVL: Ouvinte porque eu não me
submeti ainda ao processo seletivo, mas eu já fiz contato com o meu provável
orientador e as universidades permitem que você assista a aulas como ouvinte e
você, indo bem, é avaliado normal. No ano seguinte, eu faço a prova oficial. E
aproveitado aquele período que fiquei como ouvinte. O ouvinte é o chamado
“aluno especial”.
RW: Na Argentina, o senhor se
refere à Universidade Museu Social da Argentina?
SVL: É. Universidad Museo Social
de Argentina. E no Brasil é Federal Fluminense.
RW: Lá o senhor está fazendo em
qual área de atuação do Direito?
SVL: Direito Fiscal.
RW: Pacto Fiscal?
SVL: Estou trabalhando no Sigilo
Fiscal, na forma do Direito Comparado. Comparando o Sigilo Fiscal em vários
países do mundo.
RW: Defesa de impacto fiscal? É
alguma coisa nesse sentido?
SVL: Planejamento Tributário. Na
verdade é: “como você se protege fiscalmente nesses diversos países”. Claro,
meu universo de pesquisa não é muito grande, são 10 ou 12 países que eu estou
trabalhando. (mas não dá trabalho).
RW: Como consegue isso?
SVL: Eu sou membro da INFA -
International Fiscal Association que fica na Holanda. E essa associação fornece
um bom material. E contatos. Eu tenho contato do mundo inteiro com advogados de
todo e qualquer país - os advogados fiscalistas que se comunicam. Então se eu
desejo algum material da Holanda, eu mando emails e recebo.
RW: Está faltando então ao senhor
somente o LLM, professor?
SVL: Eu fui convidado a fazer o
LLM em Boston e estou estudando a possibilidade. É que eu não tenho tempo. Se
eu tivesse tempo - eu faria. Fui convidado a fazer parte de um grupo e estou analisando
para o meio do ano. Depois, que eu terminar a defesa do meu doutorado. E mais
ou menos direcionar como é que eu vou levar esse meu 2º doutorado - o da
Educação. Eu vou decidir se faço o LLM em Boston.
RW: Posso sugerir inclusive algo
bem indicado para o senhor, se me permite - eu vi sobre Direito de
entretenimento - em L.A.
SVL: É... O Direito de
entretenimento eu já fiz palestras - convoquei uma grande especialista Débora Salzburg
- ela trabalha com “entretenimento” - e foi um sucesso! No Brasil não tem
programa ainda que sejam nesse sentido, mas no exterior, sim!
RW: E como tem sido sua carreira
como professor - qual seria o seu próximo passo, professor, MBA?
SVL: Eu já leciono MBA em
tributação e negócios privados. E leciono na “Pós” em direito imobiliário.
Também leciono na pós aqui na ESA - direito tributário - e eventualmente na pós-graduação
da Cândido Mendes...
RW: Parabenizo.
SVL: O próximo passo seria o
“mestrado”, puro, eu ainda não lecionei por não ter o mestrado concluído. Assim
que concluir, é o que eu farei.
RW: Aguardemos! - Homenagens
destaques na sociedade - qual o melhor reconhecimento que recebeu por sua
atuação profissional?
SVL: Um dos mais simples, mas que
foi um dos que mais me tocou emocionalmente - Certa vez, na Veiga de Almeida,
realizando a 2ª Semana Jurídica, os alunos, espontaneamente, fizeram um
certificado para mim agradecendo por ter levantado o curso. E o curso está indo
muito bem. E foi no meio da Semana Jurídica. Eles interromperam uma palestra e
falaram “A gente quer fazer uma homenagem” - Eu não sabia! E eles fizeram um
certificado de todo tamanho - que eu tenho ainda guardado em casa - agradecendo
pelo curso de direito...
RW: Isso toca nos sentimentos!
SVL: Agora, eu tive uma homenagem
- não chegou a ser uma premiação - mas foi uma indicação, que até hoje me
surpreendo porque eu não sei como surgiu! Você sabe que todos os anos a Folha
Dirigida (junto com a Associação Brasileira de Imprensa e a Associação
Brasileira de Educação), promove uma premiação a Educadores - “Personalidade
Educacional”. E eu me surpreendo, porque são grandes nomes e... Só em você ser
indicado, é algo fenomenal. Porque você ser considerado uma Personalidade
Educacional, é muito expressivo! Sinceramente, eu não sei quem indicou. Em 2004
meu nome apareceu nesta listagem. Claro, eram várias pessoas indicadas, cento e
tantas pessoas... Mas até hoje não sei quem indicou! É um grupo solto que vota.
Então alguém votou em mim, de alguma instituição! Então meu nome apareceu na
lista de 2004! Eu não sabia e fiquei muito surpreso! Eu não sabia e me avisaram
“E, você sabia que o seu nome está no jornal da Folha Dirigida?”. Só em ser
indicado, puxa! Eu não tenho nenhum trabalho que seja de repercussão à
sociedade! Sempre às comunidades das empresas que eu trabalho. Mas não ao todo
da sociedade, como um Niskier, a Professora Dona Marlene (ela também já foi
indicada...). Então eu fiquei muito feliz com isso! Agora, sempre que nós temos
uma formatura e somos homenageados, é um prazer enorme, isso! Então já se vai
aí trinta e tantas homenagens recebidas.
RW: Então eu vou lhe indicar a
uma homenagem.
SVL: Ah, é?
RW: Com todo o respeito - estive
entrevistando a ABRACLA, o senhor conhece?
SVL: Sim. Conheço sim.
RW: É um príncipe à frente desta
Associação. Eles estiveram aqui na OAB de Niterói. Eu estive a convite do
Presidente da OAB entrevistando a eles. O Presidente da OAB foi homenageado com
a Medalha de Dom Pedro II. Essa Medalha é para as pessoas que fazem exatamente
o que o senhor faz - e eu acredito que o senhor faz jus a esta medalha!
SVL: Sim. Agradeço muito!
RW: E quanto ao estilo de vida -
o senhor gosta de viver em Niterói?
SVL: Eu moro no Rio. Na verdade
eu tenho uma ligação com Niterói que é espiritual... Porque meu pai foi
professor em Niterói em vários colégios e da universidade também. A vida dele
foi toda em Niterói. Eu sempre tive essa ligação emocional - acabei vindo para
Niterói e a metade da minha vida profissional é em Niterói.
RW: Como vê a situação atual da
cidade?
SVL: Infelizmente, muito triste.
Porque, especialmente, o aspecto de trânsito e serviços públicos. Niterói que
sempre foi uma referência... Considerado um dos maiores IDHs do Brasil, se não
me engano o 4º maior IDH do Brasil, não sei se ainda é... Hoje o trânsito está
terrível - equivale ao do Rio de Janeiro, parece que você está no Rio! Ainda é
uma cidade melhor que o Rio - mas não é a Niterói que era há 10 anos.
RW: O que pode ser feito para
melhorar?
SVL: Eu acho que só o povo mesmo
é que pode mudar. E é questão de cultura. Você percebe que os políticos que
hoje são eleitos - são os mesmos? Mudam-se as cadeiras, mas são as mesmas
pessoas! Enquanto o povo não tiver discernimento suficiente para perceber que é
preciso votar em pessoas diferentes no Poder - a coisa não muda!
RW: Qual é o ponto inicial que
decidiu esse rumo de escolhas profissionais?
SVL: Eu sou de uma família de
natureza muito eclética. Você pode perceber que eu fiz coisas muito diferentes.
Cursos e carreira diferentes. Eu penso que isso é genético... Meu pai tinha
duas universidades, e ele foi imortal da Academia Brasileira de Farmácia -
tanto a civil, como a militar. Minha irmã mais velha tem três universidades. É
teóloga, historiadora, pedagoga. Eu acho que é de família gostar de estudar, e
da “curiosidade”. Querer entender, saber de tudo um pouco! Eu não sei te
explicar. Eu tinha curiosidade. E tenho até hoje! Adoro química, adoro
genética, e não gosto de física, embora eu tenha feito engenharia. Não dá para
explicar.
RW: quem mais influenciou no seu
gosto de estudar?
SVL: o meu pai sempre foi uma
referência para mim. Um exemplo de determinação! Meu pai veio do interior, do
Nordeste, e se tornou imortal em duas Academias, na área dele. A determinação,
meu pai. Mais sem dúvida, a minha mãe foi a pessoa de maior inspiração para
mim. Ela tinha uma inteligência natural, e que me estimulava muito. Graças a
Deus eu tive pais que foram exemplos de uma maneira ou de outra, foram exemplos
par mim.
RW: É muito bom quando os pais se
amam. E como o senhor se vê no futuro?
SVL: Não gosto nem de pensar.
Quando a pessoa passa de uma certa idade, a contagem regressiva começa a mexer
com a pessoa. Eu tento não pensar nisso! Eu pretendo fazer esporte, continuar
nadando, eu quero ter dignidade na velhice (mas não pensar muito nisso). E
nunca parar de estudar!
RW: Quando a pessoa faz o bem, ao
longo de uma vida inteira, quanto mais idade, mais junto de Deus ele está
chegando, realizado um caminho de bem - não sendo poeta...
SVL: E mesmo que você erre -
porque todo mundo erra - tem que ter humildade de reconhecer e pedir perdão. Perdoo
a todos que me fizeram mal. E peço perdão a todos a quem fiz o mal, se eventualmente
fiz, até sem saber!
RW: Que mensagem o senhor passa
para os nossos leitores? Mensagem de otimismo, certeza de um futuro melhor?
SVL: É, eu já fui mais otimista.
Como todo jovem: idealista! Quando você termina a Universidade, você acredita
que “é capaz de mudar”. Eu ainda acredito que se é capaz de mudar, mas eu não
acredito mais nas “mudanças repentinas”. Eu acredito nos tijolinhos colocados
um sobre o outro. Eu penso que a mensagem que eu quero passar para os jovens é:
“faça a sua parte!”. Da melhor maneira possível, sem radicalismo. Eu sei que
quando a gente é jovem é “o ímpeto”. A gente quer fazer. “Vamos revolucionar”.
Mas a palavra revolução, não necessariamente significa violência. Revolução é
toda mudança de status quo. Então se você é capaz de revolucionar, você pode
revolucionar sentado na sua casa e ao seu computador. Você pode revolucionar
com um gesto. Você pode revolucionar com uma postura. Ontem faleceu Margaret Thatcher. Por mais críticas que possamos fazer na posição política dela... Mas
ela foi uma revolucionária. Ela mudou o mundo. Ela defendeu seu pensamento com
razão e lógica, que era toda dela. É inquestionável a importância dessa mulher.
Ela revolucionou. Assim como ela, uma ministra, qualquer cidadão, o cara da
padaria, o dono da mercearia, o gari, pode revolucionar. Não sei se você chegou
a ver o programa da Regina Casé, o Esquenta de domingo, é muito interessante,
porque vão escritores, intelectuais, junto com o pagodeiro. É impressionante
quando todos tem uma contribuição. É muito bonito quando levam um livro para
fazer a biblioteca do programa, cada um conta o porquê de ter levado aquele
livro. Eles acreditam que através daquele livro, eles são capazes de mudar o
mundo.
A criança crê, a criança tem fé.
O adulto depois de um certo tempo ele entra numa “zona de conforto” - e isso é
natural, também - e você não quer mudar muita coisa “está bom assim!”.
A criança - não. Você pode dar
para ela um microcomputador de última geração. Mas se você pegar aquela criança
lá do Nordeste, e você der um gravetinho com formato de cavalinho - ela vai
brincar, do mesmo jeito! E ela vai criar um mundo imaginário, maravilhoso.
Talvez até um mundo com mais
imaginação do que aquele com a ferramenta de um computador, que já te dá “tudo
muito mastigado!”. Então aquele é que tem que imaginar a história.
Eu acredito nas mudanças através
das crianças.
RW: Parabéns, professor! E para
concluir a nossa entrevista, o senhor gostaria de indicar alguém para ser
entrevistado?
SVL: Tanta gente interessante que
poderia dar um depoimento! Olha, uma pessoa que eu indico é...
“AGUADEM!”
RW: A Equipe Wolff e AFI
agradecem a sua entrevista!
SVL: Eu é que agradeço!
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