sexta-feira, 5 de julho de 2013

Luciana Barboza em entrevista exclusiva ao jornalista Reinaldo Wolff

Projeto Expansão AFI 2013 – “Você É Muito Importante Para Nós” © Equipe Wolff

Eis aqui um relato dramático.O desafio de evolução que enfrentou, propicia uma mudança fundamental: A busca da realização.

Leia agora a vitória de Luciana Barboza:


REINALDO WOLFF: O que gostaria de comentar sobre o momento em seu ramo de atividade, que é a área jurídica?
LUCIANA BARBOZA: Bom, vou falar pessoalmente, ok? Eu comecei a fazer direito sem nenhuma estrutura. Eu não tinha pai rico, eu não tinha pai juiz, eu não tinha ninguém conhecido juridicamente. Então, quando eu comecei a fazer Direito, por essas duas perspectivas, eu tinha como meta um concurso público! Só que no passar dos tempos, eu passei a ser uma pessoa conhecida, passei a advogar, e hoje advogo dentro das minhas possibilidades, bastante. E eu não imaginava que iria advogar.

REINALDO WOLFF: Então você encontrou o seu lugar ao sol!
LUCIANA BARBOZA: Encontrei! Eu ainda não tenho uma estabilidade porque eu comecei a advogar “ontem”, praticamente. Tem dois anos que eu estou advogando. Terminei em 2009. Mas é por aí que eu quero continuar! Entendeu? Esse é o caminho... Ainda que eu venha a ser uma professora, ainda que eu venha até estudar para concurso, eu não quero deixar a advocacia. Advocacia é o meu caminho!

REINALDO WOLFF: Fazer o que se ama - é muito importante!
LUCIANA BARBOZA: Exatamente!

REINALDO WOLFF: É uma bela mensagem. Agora, dá para acreditar na livre iniciativa do Brasil de hoje? Ou você acha que as pessoas precisam ser concursadas?
LUCIANA BARBOZA: Eu acho que o problema do Brasil é a corrupção, não é? Eu acho que o Brasil, ainda falta muita infraestrutura, e muita educação, ainda. A educação melhorou? Melhorou! A saúde, não. Mas a educação deu uma melhorada. Mas ainda falta muito! Então eu acho assim, o que está faltando hoje pro Brasil é uma boa infraestrutura, para que dê essa iniciativa, entendeu? Porque o Brasil ainda está muito precário, em termos de tecnologia.

REINALDO WOLFF: Você concordaria com o meu pensamento de que o que falta para o nosso país não são só as leis, mas sim aumentar a assistência social?
LUCIANA BARBOZA: Com certeza! Mas não assistência social de “bolsas”, não é? Bolsa Família, Bolsa não sei o que...

REINALDO WOLFF: Não, não. Assistência social no sentido humanístico, verdadeiro...
LUCIANA BARBOZA: Com certeza. Tem que dar estrutura. Estrutura para um pai, uma mãe sair para trabalhar.

REINALDO WOLFF: ... saber o que vai ser dele, do jovem, do futuro. E acompanhar de perto as famílias.
LUCIANA BARBOZA: Exatamente. Falta a educação verdadeira. Educação não é aquela que você chega numa escola e aprende “A”, “B”... Educação é uma forma de você saber como agir no dia a dia. Educar mesmo. Nosso país precisa de educação, e de estrutura.

REINALDO WOLFF: Por falar em estrutura, eu admiro, com todo o respeito, o seu esforço... Porque eu vejo que, de fato, foi grande...
LUCIANA BARBOZA: Muito!

A Presença de um pai muitas vezes se faz marcante, até mesmo na sua ausência.


REINALDO WOLFF: E conta-nos, como é que foi desde menina, até chegar hoje à Doutora, formada em direito?
LUCIANA BARBOZA: Eu costumo dizer que eu era princesa e virei plebeia. Porque eu tive um pai que me deu tudo! Eu tive uma infância maravilhosa. Então, até os meus 20 anos, foi tudo perfeito. Eu tive um pai, uma mãe... Eu tive uma família! Porque poucas pessoas têm essa oportunidade, não é? Eu tive uma família maravilhosa. O meu pai e minha mãe viveram a vida toda juntos, um casamento com harmonia. Eu acho que isso foi muito importante para o meu futuro. Acho que essa estrutura que eu adquiri, do respeito familiar, do respeito ao próximo, respeito ao mais velho - e que hoje você vê pouco... Eu acho que isso, pra mim, foi fundamental pra quando eu precisei! Então eu tive uma infância, uma adolescência e uma juventude, muito boas em termo de família e até em termos de situação financeira. Pois muito bem, meu pai era comerciante. Ele era cozinheiro profissional, resolveu depois trabalhar por conta própria, passou a ser comerciante e eu fui trabalhar com ele. E, ele adoeceu, e veio a falecer. E quem tinha o dom para o comércio era ele. Eu não tinha! Eu só ajudava. E quando ele morreu, toda aquela estrutura financeira foi por água abaixo. Tudo que nós tínhamos, nós perdemos. A começar pelo nosso pai. Perdemos a estrutura da casa, e perdemos toda a parte financeira. Porque um comércio só sobrevive com movimento, não é? E quando ele começou a ficar muito doente, eu já comecei a trabalhar aqui... Como eu disse, a Graça de Deus, nota-se que está presente na minha vida o tempo inteiro. Eu acho que Deus já tinha me colocado aqui para eu ter um rumo.

O desafio de evolução que enfrentou propicia uma mudança de trajetória e de busca de realização.


LUCIANA BARBOZA: E eu fiquei dois anos ainda trabalhando aqui, com o comércio. E um belo dia, entraram duas pessoas que faziam fiscalização de menor, dentro de comércio, e tinham menores dentro do comércio. E queriam me levar presa... Passei por um constrangimento muito grande... Ali eu decidi fazer Direito! Então ali eu não tinha conhecimento jurídico nenhum, de nada! Estava iniciando o meu trabalho. Tinha pouco tempo de trabalho aqui, e eu não tinha conhecimento jurídico nenhum. E naquele dia eu fui muito humilhada. Porque infelizmente, essas pessoas não sabem como lidar com as pessoas que não têm conhecimento! Eles impõem o poder! Eles impõem uma força...

REINALDO WOLFF: Às vezes até mesmo na truculência.
LUCIANA BARBOZA: E eu reagi. E eles queriam me levar presa, inclusive. Uma coisa que não existe! Totalmente arbitrária, abusiva! E eu disse que não iria, e os meus fregueses, os clientes, também... Foi horrível! Um constrangimento muito grande! Então ali eu decidi, a fazer direito. Então eu cheguei em casa, conversei com a minha mãe, e falei - “Olha, vamos estruturar a nossa família. Eu vou continuar trabalhando na UNIVERSO, e nosso padrão de vida vai cair muito!”. Porque, uma coisa é você ter um comércio. Outra coisa é você sobreviver de um salário... O salário que é fixo por mês. E os meus irmãos - uma era menor, e eu tinha um irmão também. Eu já era casada, já tinha um filho. E todas as pessoas da minha família viviam desse comércio! O meu marido, meu irmão, minha irmã, trabalhavam no comércio! Porque era um comércio muito grande. Era algo que dava para uma família inteira...

REINALDO WOLFF: Vocês comercializavam o que? Alimentos?
LUCIANA BARBOZA: Era bar e mercearia. Era um comércio familiar, e que final de semana tinha angu baiano, dobradinha. E que iam famílias lá, comer. Tomar sua cervejinha, comer. Era um comércio muito grande! Era o maior e melhor comércio do bairro! Se você chegasse em um domingo, uma hora da tarde, não tinha mais o que comer!

REINALDO WOLFF: Era aqui na região?
LUCIANA BARBOZA: Não, em Itaboraí! No Apolo II. O comércio do meu pai era o melhor do bairro! Tanto que eu passei para outras pessoas, e não deu certo! Hoje abriu um sacolão lá. E é o melhor sacolão da região. É o melhor ponto da região. Nosso comércio era muito bom. Então eu sentei com a minha mãe e falei pra ela - “Olha, nossa situação financeira vai ser outra. Nós vamos aprender a andar de ônibus... Não vamos sair todo final de semana. Vamos começar a nossa vida! Vamos recomeçar... A senhora vai tomar conta do meu filho”. Eu devo muito à minha mãe! Se hoje eu sou o que sou, foi porque ela ficou com o meu filho, eu não precisei pagar ninguém. Meu filho não foi criado por uma pessoa estranha. Ele foi criado pela minha mãe! Pela avó dele...

O drama vivido pela perda do pai, e a necessidade de uma defesa – faz despertar uma vocação jurídica.


REINALDO WOLFF: Que bonito isso... Amor de família.
LUCIANA BARBOZA: ... e eu vim à luta! E aí eu falei pra ela - “Eu vou fazer Direito. Porque ninguém, nunca mais, vai fazer aquilo que aconteceu”. E naquele dia eu decidi ingressar nessa carreira jurídica!

REINALDO WOLFF: É uma bela mensagem! Agora, que mensagem de vida você acha que seu pai deixou para você?
LUCIANA BARBOZA: Muitas! Primeiro, o amor. O amor à família, e o amor ao próximo. Meu pai tinha uma coisa de muito bom com ele. Que eu vi em poucas pessoas. Tudo que meu pai tocava, virava ouro. Meu pai sabia ganhar dinheiro.

REINALDO WOLFF: O dom do Midas.
LUCIANA BARBOZA: Isso. Tudo que ele se propõe a fazer, ele ganhava dinheiro. Mas ele era o tipo da pessoa que você tirava a roupa do corpo dele... Ele não era preso a nada. Ele era totalmente desprendido. Ele não tinha - “Eu tenho! E você não tem!”. Era - “Eu tenho? Então pode ser pra mim e pra você!”.

REINALDO WOLFF: Ele era generoso...
LUCIANA BARBOZA: Muita coisa! Amor à família... Porque meu pai viveu pra família inteira. Como esposo, como pai. Amor ao próximo... Porque ele não sabia estar numa situação boa e ver o próximo, numa situação difícil, e não ajudar... E batalhador! Meu pai foi muito batalhador.

REINALDO WOLFF: Seu pai foi vítima de pneumonia?
LUCIANA BARBOZA: Não, não. Meu pai foi para uma pescaria. Nessa pescaria, o germe do caramujo entrou no fígado, e deu cirrose hepática, esquistossomose. Ele viveu 10 anos ainda. Mas tinha que fazer um transplante de fígado, e a gente não sabia, não tinha muito conhecimento. Fez tratamento. A gente achou que estava curado, mas não estava!

REINALDO WOLFF: Luciene, a sua entrevista é uma das mais tocantes, no sentido humanístico, pelo drama vivido. E que nossa Equipe lhe dá total apoio, respeitamos, e agradecemos a sua entrevista!

LUCIANA BARBOZA: Poxa, obrigada! Eu que fico grata pela oportunidade de poder falar...


Digitação: Vitória Wolff
Editoração: Arthur Wolff
Fotos: Reinaldo Wolff

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