CONCEITO DE VIDA - HONRADEZ E PERSEVERANÇA

A Equipe Wolff está hoje presente aqui no Comando dos Bombeiros, em Itaboraí, e falando com o Major Marcos Vieira, Comandante do Corpo de Bombeiros de Itaboraí.

Reinaldo Wolff: Major, como tem sido a história de sua vida ao longo de sua profissão?

Major Vieira: A vida tem sido de conquistas maravilhosas, onde a gente, a cada dia, se surpreende com a situação no âmbito de atendimento às pessoas que necessitam do nosso serviço. E isso vai só nos engrandecendo, pelos relevantes serviços prestados à toda a sociedade.

Reinaldo Wolff: Quais obstáculos que lhe pareceram os mais difíceis?

Major Vieira: Eu não considero nem um obstáculo, não é? É deparação com o local do socorro. Quando a gente chega, muita das vezes encontra uma cena muito trágica, onde envolve família, crianças. São coisas que realmente chocam a gente, mas a gente não tem dificuldade. A gente está aqui para poder resolver toda a dificuldade que existe no âmbito das necessidades

Reinaldo Wolff: E requer um espírito forte, não é, senhor Comandante?

Major Vieira: Ah, com certeza!

Reinaldo Wolff: Tendo em vista que os Bombeiros, para exercerem sua função, precisam sempre de ações corajosas e um amor ao próximo acima de tudo, quais foram os casos mais marcantes?

Major Vieira: Há aproximadamente uns 6, 7 anos atrás, ou até mais um pouco, um acidente que houve com um ônibus da 1001, na Niterói/Manilha, próximo à Polícia Federal. Aonde ô ônibus caiu em um buraco, e ali houveram 2 óbitos. E, no momento que eu cheguei, por volta de 2 horas da manhã, o motorista estava já soterrado, com barro até o pescoço. E ali, levamos até 6 horas da manhã, das 2 às 6, para retirá-lo dali, e conseguimos tirá-lo com vida. Mas durante a semana, ele veio a falecer. Falência múltipla dos órgãos, por ficar muito tempo soterrado.

Reinaldo Wolff: Foi muito marcante isso.

Major Vieira: Foi! Aquela ali foi!

Reinaldo Wolff: Como se refaz quando há casos assim? Religião? Apego a Deus?

Major Vieira: É. A gente tem que se apegar a Deus, desde o momento que a gente já sai de casa, e que a gente pode ser surpreendido. Porque a cada socorro, uma novidade. E que a gente tem que estar preparado para as adversidades, aquilo que nos espera.

Reinaldo Wolff: Quais as conquistas mais recentes e marcantes, que os Bombeiros conseguiram, e ainda têm por objetivo?

Major Vieira: As conquistas vêm ao longo do tempo, não é? A modernização dos equipamentos que hoje nós trabalhamos, as viaturas, as condições de trabalho que hoje o comando nos oferece, para que a gente possa encarar essas adversidades, com mais facilidade.

Reinaldo Wolff: O que lhe motiva nesta profissão?

Major Vieira: Ajudar o próximo.

Reinaldo Wolff: O que lhe levou à escolha desta profissão?

Major Vieira: Fazer o bem, sem olhar a quem.

Reinaldo Wolff: Diante de cenas dramáticas, o que lhe causou de sensação de perda e de ganho?

Major Vieira: Sensação de perda e ganho, uma situação até normal que a gente encara no dia a dia, foi inclusive a retirada de um animal, e naquele momento ali, o cidadão que estava com o animal no poço, que era um cavalo, ele trabalhava, transportava areia com aquele animal, e nós fizemos de tudo para salvar aquele animal dele, mas infelizmente não conseguimos. E nós vimos o desespero daquela pessoa que precisava daquele animal para trabalhar. E ali foi realmente uma perda muito grande e que a gente não tem como reparar. Pra gente é difícil.

Reinaldo Wolff: A não ser que a Polícia Rodoviária prenda e doe um novo animal...

Major Vieira: É. Porque se eu tivesse condições naquela época, foi o que passou na minha cabeça, era poder pegar um animal e dar para aquela pessoa. E como eu me deparei com outro ocorrido, de dois irmãos que venderam um carro velho, cada um vendeu seu carro velho, para comprar uma Kombi usada, e no ato que eles estavam fazendo um frete, levando uma máquina de lavar para consertar, o carro pegou fogo. Estava de um lado da rua, um irmão chorando, e do outro lado o outro irmão chorando. Então são cenas marcantes, de perda, que a gente não tem como reparar. Infelizmente.

Reinaldo Wolff: Como tem sido sua administração?

Major Vieira: Eu tenho tentado me empenhar ao máximo para atender todas as necessidades do município. Tendo em vista que o município está crescendo a cada dia. E como o senhor pode observar, a gente está aí prezando pela melhor condição de trabalho para os nossos bombeiros. Dando qualidade de trabalho a eles, e a gente tem desenvolvido o trabalho da forma que tem que ser feito. E a gente está tendo o apoio da sociedade. Apoio dos empresários. Do nosso próprio Comando. Coronel Aguiar, de São Gonçalo, tem nos apoiado, atendendo as nossas prioridades. Fato esse que teve a manifestação por duas vezes, nós estávamos bem estruturados aqui, com militares suficientes. Com oito viaturas operacionais, dentro da unidade, para atender o que poderia ser o pior para a nossa cidade.

Reinaldo Wolff: Quais são os seus objetivos na sua administração? O que falta conseguir?

Major Vieira: A gente tem tentado melhorar as acomodações do Quartel, e o que falta conseguir são coisas que a gente vai conseguindo, ao longo do tempo. Não tem como conseguir tudo da noite pro dia. Mas eu tenho tido muita força de vontade de fazer cada vez mais crescer o nome da instituição Corpo de Bombeiros, e dar aos nossos bombeiros uma melhor condição de trabalho. E isso vem fluindo. Mas a conquista vai vim ao longo do tempo. Não tem como conseguir tudo de um dia pro outro.

Reinaldo Wolff: Para isso é necessário um espírito forte e paciência, não é?

Major Vieira: É... Paciência. Justamente!

Continua...


Digitação: Vitória Wolff
Editoração e fotos: Arthur Wolff