quinta-feira, 12 de julho de 2012

PROJETOVOCEÉ IMORTANTE PARA AFI ENTREVISTA LAURENTINO BARRETO

Entrevista   de Laurentino Correia Barreto ao Jornalista Reinaldo Wolff
 

CORAGEM, CONFIANÇA EM SI E FÉ EM DEUS

Eis aqui uma pessoa que soube aproveitar um novo momento que a vida lhe ofereceu. Trocou a tensão e o conflito da cidade grande pelo encontro com a Natureza, num recanto privilegiado de Itaboraí, RJ. Saboreando nas surpresas do dia-a-dia de uma nova realidade, a alegria, o espírito de renovação, harmonia com o Todo, e um grande alívio pela oportunidade que sem dúvida fez por merecer.

O nosso entrevistado de hoje é Laurentino Correia Barreto, 58 anos, (ex-BB), aposentado, a esposa é professora universitária da UERJ, tem um filho que mora em Piratininga, Niterói; cuja casa é de “laje verde”. Interessado na Escola de Agropecuária de Itaboraí.

Reinaldo Wolff: O que lhe trouxe à Itaboraí?
Laurentino Barreto: Eu saí de Niterói para um sítio. Morar em espaço maior, ter mais contato com a natureza e criar meus animais.

Reinaldo Wolff: Qual a emoção ao sair do Rio de Janeiro/Niterói?
Laurentino Barreto: Aqui permite uma interação maior com a natureza. “A cidade” na verdade, ela “priva” as pessoas dessa interação, dessa troca com a Natureza.

Reinaldo Wolff: Que emoção sente hoje de morar aqui?
Laurentino Barreto: Profunda satisfação, reencontro de mim mesmo com as origens. Na verdade eu fui criado, até os 10 anos de idade, no campo. Então este é um reencontro com as minhas origens.

Reinaldo Wolff: O que foi o marco dessa mudança de etapas de vida?
Laurentino Barreto: Eu li o livro “O trem noturno para Lisboa”. Porque até eu me aposentar, eu tinha uma vida de funcionário do Banco do Brasil. Trabalhei 32 anos no centro do Rio de Janeiro. Morei 15 anos no Rio. E 20 em Itaipu, Niterói. Eu gastava duas horas para ir, e duas horas para voltar. Então minha vida era “toda em torno da metrópole”, não é? Meu médico era lá, meu dentista era lá. Minha casa era só um dormitório, praticamente. O que aconteceu quando eu me aposentei? Eu dei uma guinada na minha vida, totalmente, porque passei a ser uma pessoa com atividade de cuidar de animais. De tratar da terra, capinar, podar “não sei o que lá”. De urbano, eu passei a ter uma vida quase que só de quintal. Houve uma mudança de foco. Não vou mais ao cinema. Não vou mais ao teatro. Não tenho mais relações de amizade aqui dentro de Itaboraí. Não tenho atividade social, nem aqui em Vila Rica. Agora, eu evito ir ao Rio. Eu tenho um filho que mora em Niterói. Eu visito. Mas a minha vida toda se concentrou aqui. E eu não me ausento daqui do sítio por mais de quatro horas, por preocupação com os animais.

Reinaldo Wolff: Que comparação faz entre a história de vida antes e depois de vir para cá?
Laurentino Barreto: Hoje me sinto rural num pequeno sítio de um hectare de terra.

Reinaldo Wolff: Sente novas vocações surgindo também?
Laurentino Barreto: A vocação e uma descoberta - a interação com a natureza.

Reinaldo Wolff: Como é seu novo estilo de vida? Tem rotina? Estar aposentado significa, na verdade - o quê? - em seu estilo de vida de hoje em dia?
Laurentino Barreto: É uma outra vida que inaugurou um recomeço.

Reinaldo Wolff: Na sua mente havia que tipos de preconceito sobre Itaboraí?
Laurentino Barreto: Era apenas uma rota de passagem.

Reinaldo Wolff: Porque mudou de idéia?
Laurentino Barreto: O sentimento de amar tudo que faço.

Reinaldo Wolff: Como acha que vai continuar a vida após iniciar COMPERJ?
Laurentino Barreto: As coisas sempre têm aspectos negativos e positivos.

Reinaldo Wolff: Dá para conciliar o estilo rural/estilo urbano onde o senhor mora?
Laurentino Barreto: Dá perfeitamente.

Reinaldo Wolff: Esta região onde o senhor mora ainda é um local tranqüilo?
Laurentino Barreto: É, eu acho! Só que aqui é próximo da Reta, uma região pobre, com risco de marginais.

Reinaldo Wolff: E a cidade em si como qualidade de vida - o que o senhor acha?
Laurentino Barreto: Há um ano e seis meses aqui, a gente sente falta de livraria.

Reinaldo Wolff: O que pode ser feito para inibir agressões ecológicas?
Laurentino Barreto: Várias medidas pequeninas, por exemplo lixeira no bairro. E a pessoa tem que saber cuidar de sua casa.

Reinaldo Wolff: O que pensa em relação a fabricação de tijolos?
Laurentino Barreto: Aqui tem.

Reinaldo Wolff: Não se sente isolado com tudo distante, neste bairro de Vila Rica? Ou o bom é isso mesmo, ainda não “descobriram” esta região?
Laurentino Barreto: Não me sinto isolado. Descobrirem a região é inevitável.

Reinaldo Wolff: Qual a preocupação presente? Quais os obstáculos?
Laurentino Barreto: Saneamento básico. Não é questão simples, envolve pavimentação. Depende de situação geográfica. Não aparece, mas é inevitável. É condição sine qua non.

Reinaldo Wolff: Como pode ser mais feliz?
Laurentino Barreto: Já estou na direção certa. Viver com amor. Dar amor e receber amor. Amor é o que há de mais importante na vida.

Arthur Wolff: Itaboraí tem uma região rural, que pouca gente conhece. É boa para quem quer sossegar.

Reinaldo Wolff: Ao correr a vista pelo vale, é como se tivesse parado uma gigantesca nave mãe poluidora. Aterrissando nos quintais das casas de Itaboraí.

Martha Wolff: Este é um oásis, porque está ocorrendo para todas as direções, uma grande corrida imobiliária. Com grande especulação. Ocupação desordenada das regiões. E valorizando em mais de 200% os imóveis, em menos de um ano. Com as próximas eleições, há uma verdadeira batalha começando, luta pelo poder, como nunca antes visto por aqui. Aquela cidadezinha dormindo no tempo, que trouxe de suas origens Alberto Torres, nascido em Porto das Caixas em 1865. Ele chegou a respeitado Ministro da Justiça e Governador do Rio de Janeiro. Dom Pedro II apelidava aqui de “Pernambuco pequeno”, devido a importância econômica de Itaboraí naquela época. Depois de um longo tempo estacionada. Após a crise de “dengue de antigamente”. E acorda, de repente, como se fosse num filme de ficção científica. Como disse Reinaldo, “uma nave interplanetária gigantesca amanheceu em nossos quintais”. E como começou? Em 14 de junho de 2006, o presidente Lula e o Presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabinelli, lançou a pedra fundamental do COMPERJ, localizado no distrito de Porto das Caixas. Em março de 2008, começa a terraplanagem de 45 milhões de metros quadrados. Previsto de 362 a 724 novas indústrias chegarem para as novas oportunidades.

Vitória Wolff: Eles querem fazer de Itaboraí, do nada, virar uma nova New York.

Martha Wolff: O impacto desta obra toda, tem influência direta em Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Magé, Rio Bonito, São Gonçalo, Tanguá. Em maior concentração de atividades em setores como Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Queimados. O COMPERJ é considerado o segundo maior investimento público da história do Brasil. Previsto, pela visão modesta, a produção de 300 mil toneladas anuais de resina termoplástica. Duas refinarias, cada uma com a capacidade de refino de 165 mil barris diários. Tudo isto trazendo a preocupação das Prefeituras, com o aumento de demanda de serviços públicos, provocados pela migração. Em março de 2009, o prefeito dialoga com o arquiteto Oscar Niemeyer. O desejo do prefeito - um projeto ousado e moderno. Além da necessidade urgente de uma central de implantação dos negócios, regulando a prestação de serviços, produtos, fornecedores. E atuante proteção ao desenvolvimento do município. Pois em 2008, eram 200 mil. Mas há possibilidade de chegar à totalidade de um milhão de habitantes nos próximos 5 anos. E a preocupação é exatamente esta. Evitar o efeito de favelização dos entornos, como ocorreu em Duque de Caxias, Macaé, e Brasília. Em 2010, parceria do governo do Estado, a prefeitura inaugura o CVT, Centro de Vocação Tecnológico. E desde junho de 2012, obras de revitalização da Av. 22 de Maio.

Fotos Arthur Wolff



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