segunda-feira, 3 de setembro de 2012

OAB Niterói realiza debate com os cinco candidatos à Prefeitura da cidade

fotos: Arthur Wolff


A OAB Niterói promove, 24 de agosto, debate em sua sede, no Centro, com os cinco candidatos à Prefeitura Municipal. Com a mediação do presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, e com a presença de Felipe Peixoto (PDT), Flavio Serafini (PSOL), Heitor Fernandes (PSTU), Rodrigo Neves (PT) e Sérgio Zveiter (PSD). Foram convidadas cerca de 60 entidades da cidade. O encontro é coordenado pelos advogados Fernando Dias e Hélio Consídera.

O resumo do debate:

Candidato Sérgio - Sou candidato a Prefeito, para mudar. Sou nascido e criado aqui em Niterói. Todos me conhecem. Tenho a impressão que se meu pai não construiu esse plenário, pelo menos ele deu uma contribuição para parte desta sede. As pessoas todas conhecem meu caminho. Fui secretário de Justiça e Defesa do Trabalho. E ingressei para política em 2000. Combati veementemente este tipo de política que tem hoje em dia em Niterói. E depois, em 2008, eu dei um crédito de confiança ao atual prefeito. Nosso adversário era Rodrigo Neves - vencemos em 1º turno a eleição, baseado em programa de Governo que visava mudar radicalmente a forma de administrar Niterói. Com transparência em aplicação de verbas públicas. Com propostas de solução dos problemas públicos que hoje a cidade enfrenta. Mas infelizmente o acordo não foi cumprido. Eu entrei inclusive para o PDT. Fui candidato pelo PDT mas depois, com a volta do Zeca Mozagem ao comando de gestão do município, como principal executivo do Prefeito, talvez pelo fato de ter eu brigado com ele... O acordo foi depois se desfazendo. Fui eleito o Deputado Federal mais votado na cidade nas últimas eleições. Entendi que era importante, pela responsabilidades com os compromissos que assumi com a cidade, com a meta de mudar na forma de administrar Niterói: com planejamento dou transparência nos assuntos de compromisso público. Abrindo essa caixa preta que existe na administração de Niterói. Se, são 61 secretarias, ou 60, ou 59 - já sei que vão criticar o meu folheto - o fato que existe muita Secretaria em Niterói. Um cabide de empregos com 2.160 cargos comissionados. Nós vamos reduzir, enxugar a máquina. Com esse enxugamento nós vamos economizar 10 milhões de reais por mês. Para aplicar em que? Em todos os segmentos que têm problemas sérios hoje: segurança pública, mobilidade no trânsito, a nossa educação infelizmente pessimamente colocada no IDEB. A saúde, não atende a população. E nós temos que mudar. É hora de mudar. Nós queremos fazer uma nova forma de administrar, para incluir Niterói neste calendário positivo do Rio de Janeiro. Vamos ter Copa do Mundo, Olimpíadas, vários empreendimentos importantes. Temos uma boa relação de entendimento com o governo do estado. Tenho esta missão e vou me desincumbir dela. Sei que o debate é o momento que nós temos que ter transparência. Temos que ter uma postura não agressiva, notadamente aqui na casa do advogado. Pela pesquisa do IBOPE, 50 % da população não decidiu ainda quem quer que seja seu representante no próximo governo. Eu espero que a população nos apóie. Quero ser prefeito. Com muita humildade, com muito pé no chão, quero ser o próximo prefeito de Niterói.


Candidato Serafim - Eu sou professor de sociologia, do diretório municipal do PSOL. Mas talvez muitos aqui não me conheçam, porque eu não sou profissional, não vivo da política. Vivo do meu trabalho de professor - pesquisador, atualmente trabalho na FIOCRUZ. Eu venho como candidato a prefeito, porque nós do PSOL, temos o compromisso ético, político, de tentar fazer em que a nossa cidade passe por uma transformação profunda. Esta eleição não exige dos candidatos simplesmente melhores propostas. Esta eleição não exige dos candidatos um projeto de transformação. Essa eleição se dá no marco da maior tragédia que aconteceu em Niterói, das chuvas de Niterói. Foi considerada a cidade com maior população em situação de risco. Nos marcos do conhecimento que é a cidade mais desigual do Brasil, segundo o IBGE. Ou seja, uma cidade cuja característica central é a desigualdade. E para enfrentar a desigualdade, a gente não quer colocar uma propostinha aqui e uma ali. A gente quer colocar um modelo de transformação profunda. A gente está enfrentando nessa eleição um cenário inusitado. A figura política mais importante da história recente dessa cidade, que é o atual prefeito. Eleito algumas vezes. E ele teve o poder de indicar algumas vezes ...... (-palmas da platéia-)

O Zveiter, inimigo mortal, amigo, agora voltou a ser inimigo (-risos da platéia-). E agora nenhum deles que fez parte do modelo de reconstrução desta cidade. Todos sabem o que significou a construção do Museu de Arte Contemporânea. Toda a legislação urbanística da Boa Viagem foi alterada beneficiando alguns poucos que haviam comprado terrenos naquelas áreas, antes da legislação ser modificada. E esse exemplo dessa mudança que aconteceu na Boa Viagem, em decorrência da construção do Museu, é um exemplo de cidade onde a atuação do Poder Público - incluindo o Prefeito, onde a maioria da Câmara dos Vereadores, visando expandir os direitos da população, em que o Poder Público é prioritariamente para gerar negócios de alguns poucos.

A gente quer alterar este olhar sobre a cidade. E alterando esse olhar, a gente quer construir um outro projeto. Niterói é uma cidade com orçamento de quase 1 bilhão e 500 milhões para menos de 500 mil habitantes. E tem menos de 20 % das crianças de idade pré-escola freqüentando creche. Não é possível que nenhum equipamento de saúde dessa cidade funcione plenamente. Dois anos após a tragédia de clima na cidade de Niterói não tenha um mapeamento das áreas de risco. E nenhuma nova unidade habitacional construída após a tragédia. Esses exemplos que eu apresento é para ilustrar. É um modelo de cidade pautado na desigualdade. Se alguém quer uma mudançinha, tem alguns candidatos na mesa que podem representá-los. Agora, se alguém quer transformar Niterói, que nos acompanhe nesta eleição.

Um aparte no debate feito pela OAB - Regra de convivência, debate de alto nível, a expectativa é que não haja ofensas pessoais. A crítica faz parte da política. Observação de natureza crítica, isso faz parte do confronto.

Felipe Peixoto - Essa casa de Democracia, nesse debate, quero apresentar as nossas propostas. Quero dizer à OAB, como prefeito, vou manter meu gabinete aberto. E estabelecer relações não só com esta entidade. Mas com as entidades desta cidade. Como vereador tive parcerias importantes com essa casa. Como Presidente da Comissão de Segurança, muitas vezes tive aqui, da mesma forma que tive o apoio da OAB na promoção de uma audiência pública. Nesse momento em que a cidade participa de um debate sobre o futuro dela, de forma franca e clara. Momento decisivo. Não podemos, e eu falo isso com tranqüilidade, porque tenho coerência na minha vida pública - na garagem de minha casa, há um comitê mirim a Darcy Ribeiro. Sempre estive no PDT, nunca fiquei pulando de partido de um lado para o outro. Sempre tive a minha linha de atuação. Não posso negar todas as conquistas e avanços. Esse reconhecimento é o reconhecimento que a população me dá mas também chega um momento para reconhecer que este modo de administrar a cidade está esgotado. Tanto é que o próprio prefeito não tem candidato. Eu digo isto não pela minha formação acadêmica, não pela minha experiência como vereador, mas como cidadão. Quero começar um novo ciclo, com novas ideias e novas pessoas. Sou capaz de enfrentar de peito aberto cada um dos problemas dessa cidade. Esta cidade precisa resolver questões que hoje são problemas e que no passado não existiam. A nossa linha é de parceria com o governo do estado. Estamos numa mesa com 3 ex-secretários de estado. Tenho ótimas relações com o governo federal. Vamos ampliar o efetivo de nossa guarda municipal que hoje conta com 290, e nossa meta é 690. Vamos criar uma central de comando de operações integrado com o estado e com a prefeitura. Precisamos de uma prefeitura que entenda que o bem mais precioso de nossa cidade é o cidadão.

Heitor Fernandes - Debate de extrema importância para nós, quero agradecer em nome do PSTU esse convite. Eu sou Heitor Fernandes, sou candidato a Prefeito de Niterói. Sou trabalhador que atua na política. Não sou político profissional. Eu sou trabalhador há 30 anos. Trabalho na empresa de Correios e Telégrafos. E lá tenho a minha atuação militante. Sou dirigente sindical. Nosso lema é uma cidade para os trabalhadores. Quero apresentar a única candidata. A candidata a vice prefeita pelo PSTU, educadora que defende educação pública de qualidade.

Rodrigo Neves (PT) - Saudação à OAB, pela iniciativa à reflexão sobre os rumos de futuro de nossa cidade. Nós temos é um desejo e uma demanda da sociedade. Ela tem essa tradição de sempre representar e buscar canalizar e encaminhar as expectativas da sociedade. Eu lembro que eu começo minha trajetória como líder dos estudantes em Niterói. Num momento cívico importante que foi a luta pela ética na política. A união nacional dos estudantes e a Ordem dos Advogados foram duas instituições importantes naquela frente de luta, início década de 90. Eu decidi me colocar à disposição da cidade para a disputa de chegar à prefeitura - porque eu tenho a convicção que nossa cidade passou por uma crise sem precedentes. Não é uma crise pontual de uma política pública. Ou de uma área específica. Não estou apenas falando na crise da saúde, onde todos os equipamentos públicos sob administração municipal, estão absolutamente sucateados. Um absurdo inaceitável. Mas não é apenas a saúde. A mobilidade urbana, cada vez mais infernizando a vida das pessoas, pela absoluta falta de competência e capacidade administrativa municipal. Tem que fazer um planejamento urbano responsável e, sobretudo, fazer obras básicas importantes saírem do papel. Como é o caso do famoso Mergulhão.

Equipe Wolff apresenta Proposta de Liderança da Cidade

Com a perspectiva de forte afluxo de turismo internacional ao Rio de Janeiro, nossa proposta é - arquitetura e nutrição deveriam ser dois setores incorporados ao bem público.

De que modo?
A Prefeitura oferecer serviços de arquitetura a todos, até na favela, para que qualquer setor da cidade seja bonito, em harmonia de conjunto. Como se a cidade fosse organizada como nós organizamos um presépio. Em que cada detalhe faz parte de um conjunto para se olhar. E o nutricionismo seriam serviços gratuitos de nutricionistas para todo e qualquer setor de alimentos (bar, restaurante, quiosque), tudo esteja com orientação de nutricionistas. Aliando este atendimento a cursos de paisagismo, culinária, decoração, a toda a população. Setor de artes: treinar e manter grupos musicais com música e dança em todas as praças, nos fins de semanas para que isto se torne patrimônio cultural da cidade e seja referência nacional.

Buscar parceria público-privada para os subsídios de pintura e remodelação estética de todos os setores da cidade. E preparar a população de todas as formas para recepcionar os turistas que virão. A própria massa populacional que virá atraída pelo COMPERJ, esta chegada também é turismo nos bares, restaurantes e eventos. //

QUANDO VEM O ENTENDIMENTO - artigo de Martha Wolff.
Introdução à leitura de “A república” (em grego também é “O Estado”) - de Platão;

Um bom debate, um diálogo, deverá conseguir, no mínimo, que o problema, ou os problemas - que se propõe a atacar - sejam definidos com clareza. Isto é o mesmo que: definir em que termos o ataque às perguntas e respostas serão esclarecidos.

Um bom debate deveria indicar como a resposta a determinada questão posiciona, aquele que respondeu, ao seu determinado patamar. É isto que define a base para outras perguntas. E tudo isso é para que? É que a “boa discussão de um tema” propicia aos que participam e aos que presenciam - todos chegam ao aprendizado de algum tema. Os debates de Platão ocasionam esta bela perspectiva: a leitura irá clarear e nos fazer repensar sobre estes tópicos.

Os dois livros iniciais de A República - juntos - equivale a um tema. E que nos faz querer ler o livro inteiro.

LIVRO I - Apresentação de introdução e dos personagens que compõem o diálogo. Sócrates propõe ao velho Cephalus - “o que é a justiça?” - Polemarchus (filho de Cephalus) defende: “é fazer o bem para os amigos e opor-se contra os inimigos”.

Argumento de Thrasymachus - “justiça é o interesse do mais forte”.

Sócrates diz que não. E que por tudo isto que se diz que justiça não é, quais os atributos desta idéia? Ele - Sócrates - ainda não descobriu ao certo o que é justiça.

LIVRO II - Glaucon: “a maioria da espécie humana refere-se a injustiça como sendo algo maior do que a justiça.

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