Temos agora a entrevista de uma artista em ascensão. Que está
preparando seu show, CD, e programa de TV. Culta e sensível está em plena
ebulição de arte e criatividade. Vamos conversar com MYRIAM JEHANE CICONHA.
em Friburgo. Dos 9, 10
aos 18 anos. E eu tenho um carinho muito especial pela cidade. E por conhecer
como as pessoas pensam, o que as pessoas precisam, né? Eu tive essa idéia, essa
intuição. Porque a minha vida funciona muito com intuições, assim, né? Eu
sonhei que eu precisava voltar pra Friburgo, pra montar um programa de TV lá. E
há muito tempo atrás, um amigo meu me disse que eu iria voltar pra Friburgo.
Que eu ia me comunicar com essas pessoas, já do âmbito profissional. E a minha
idéia de fazer esse programa, que se chama A PONTE, é exatamente criar uma
conexão, um intercâmbio, entre as culturas. É fazer a ponte entre as duas
cidades, Rio de Janeiro e Friburgo, ou mais coisas, mais cidades. Sempre
apontando esse âmbito cultural, curiosidades. Sempre diversidades. Sempre no
âmbito cultural mesmo, artístico. Um programa social/cultural.
REINALDO WOLFF: Como será seu programa na
TV Zoom - Nova Friburgo? O que levou você a ter um Programa de TV em Friburgo?
JEHANE: Morei muitos anos
REINALDO WOLFF: Consegue conciliar as
atividades de cantora e apresentadora?
JEHANE: Por enquanto eu ainda estou
gravando o CD. Eu passei da fase de registrar as composições. Passei um tempo
construindo esse álbum. Eu mesma que compus as músicas. E agora eu registrei,
então eu to numa fase ainda de gravar. E aí eu estou com um espetáculo pro
final do ano, que na verdade é um teatro musical no SESC do Rio de Janeiro,
Barra. Então eu estou com esse espetáculo, e agora com o programa de TV e com
as gravações do CD.
REINALDO WOLFF: Até que ponto a veia
artística de seu pai influi em sua vida?
JEHANE: É incrível isso porque eu não
percebia o quanto que eu tenho de interesses, de jeito de me colocar, é muito
parecido com meu pai. Muito incrível isso. Porque meu pai é jornalista, eu sou
jornalista. Meu pai é ator, eu sou atriz. Meu pai é cantor, eu sou cantora. Eu
acho que eu pegue um jeito dele, até a personalidade um pouco forte, difícil.
Eu acho que eu puxei mesmo o meu pai. Ele também tem essa questão com a
comunicação. Até porque ele foi radialista, então ele tinha essa coisa de
comunicação em massa, de se comunicar, de influenciar pessoas.
REINALDO WOLFF: Você fez jornalismo aonde?
JEHANE: Eu comecei na UCAM, Cândido Mendes,
no Rio. E fui da primeira turma de jornalismo lá. E depois eu me formei na
UNIVERCIDADE, na Lagoa. Foi bom porque uma me deu uma base mais teórica e outra
mais prática.
REINALDO WOLFF: Você também é poetiza?
JEHANE: Eu também sou poetiza. Eu tinha um
livro de poesias que eu fazia quando eu era muito adolescente. Eu já fiz
inauguração de alguns livros, alguns autores, recitando poesia com teatro. E eu
também escrevia poesia. Uma das poesias que já estava escrita, eu fiz a música
depois também.
REINALDO WOLFF: Qual o estilo de vida que
para você seria o ideal?
JEHANE: O estilo de vida ideal é aquele
estilo um pouco mais desapegada, que tá aberta às diferenças, que tolera as
diferenças mesmo do ser humano. Porque eu acho que as pessoas tem muita
dificuldade em tolerar as diferenças. Eu acho que isso é uma grande questão no
mundo de hoje. Porque senão, não haveria guerra... A gente toleraria o jeito de
ser e de pensar alheio. Então eu acho que o melhor jeito de vida é você estar
aberto à vida, sem pré julgamentos. E pré disposto a conhecer e a ver tudo que
você não sabe, e precisa saber.
REINALDO WOLFF: Eu concordo que tem que ter
uma mente aberta. Mas até que ponto isso deve ser aceito pelo ser humano? Vai
de pessoa para pessoa porque - como eu sou acadêmico em Direito eu vejo que há
necessidade da adequação aos termos sociais atuais.
JEHANE: Concordo plenamente. E concordo
também com essas teorias que foram criadas na Revolução Francesa.
Reinaldo Wolff: Que idéias de carreira você
tem, para o momento?
JEHANE: O meu trabalho também ele antecede
e se origina, ele germina a partir da dança do ventre. Porque sou por parte de
mãe, originária do Líbano. Aprendi a dançar lá com Cara Callas, e algumas
professoras em aula particular. E a dança do ventre, na verdade, há um conceito
muito errado no mundo Ocidental, no Brasil.
REINALDO WOLFF: Ninguém pode perder esse
show.
JEHANE: Claro! A energia da mulher é a
energia que fecunda, que fertiliza. É como se fosse uma terra que é a mãe. A
nossa pátria, a nossa mãe, por exemplo. Quando a gente tem a terra que é
fértil, que nos dá comida, alimentos, também é uma simbologia que é a terra, é
a mulher, tem que ser respeitada. Então continuando, a minha idéia nesse
momento é fazer esse programa, que eu acho que tem uma missão social. É trazer
novos horizontes para as pessoas. Ajudar através da arte transformadora, geradora.
E também com os meus shows. Com a gravação do CD pretendo fazer uma turnê
talvez pelo Brasil ou algumas pequenas cidades do interior. Para apresentar
estas ideias. Porque as pessoas ainda não sabem tanto e têm uma certa
curiosidade.
REINALDO WOLFF: Como foi sua formação
cultural - escola - profissional?
JEHANE: A minha formação cultural ela se dá
num âmbito que envolve os dois continentes. Envolve um pouco da Ásia, porque eu
viajava muito para o Líbano com os meus familiares. Europa. E também um pouco a
América Latina. Então essa questão cultural foi um pouco difícil as pessoas
entenderem. Eu sentava na mesa para jantar e eram pessoas falando árabe,
francês, outras em espanhol, e outras falando português. Então, imbuído dentro
dessas línguas, tinham valores que eram expressados por cada um e ao mesmo
tempo. A gente tinha que ultrapassar essas barreiras! É questão cultural mesmo.
E tem tudo a ver com o meu trabalho. Eu tento falar isso. Eu canto músicas em
outros idiomas. Espanhol, inglês e um pouco também de árabe. Fiz Aliança
Francesa, me formei. É interessante que a Aliança dá uma bagagem cultural. Tudo
isso me deu “material humano”, que é como se fala na arte. Que eu tenho um
material humano diverso, digamos assim. Vivência. Experiência. Na Venezuela,
até ano passado, com minha família, eu vivi toda essa época de Chaves no poder,
da Ditadura. Tem sempre uma diversidade cultural muito grande em minha vida.
REINALDO WOLFF: Você, jovem ainda, traz uma
bela bagagem cultural. Isso é muito importante. E como vê o futuro?
JEHANE: É exatamente. Porque nós temos hoje
em dia o mundo da comunicação, cada um chama de uma coisa, em árabe é formação.
Existe o lado positivo nisso porque a gente tem acesso a informação. É mais
rápido. Isso faz que a gente devolva um senso de julgamento pelos fatos, mas
por outro lado a gente tem uma descarga imensa de informações. O que gera no
ser humano muito estresse. As pessoas ficam sobrecarregadas de muitas coisas
pra fazer, resolver, pensar, e digerir. Por outro lado tem o fator positivo.
Hoje a gente está exatamente na encruzilhada entre o bem e o mal. O ser humano
já sabe escolher, já sabe ver o joio do trigo. A gente tem que se posicionar. O
bem tem que se unir com o bem. E muito do meu trabalho tem sido batalhar pelo
bem, pela justiça e pela verdade.
REINALDO WOLFF: Ótimo! Pode continuar. Que
planos faz para o futuro?
JEHANE: Só pra complementar em relação ao
futuro. Existe uma coisa primordial para o ser humano. Não é o sistema ser
transformado. A gente podia estar no socialismo, poderia estar numa ditadura,
num capitalismo ao extremo, onde há privatizações no âmbito internacional. O
que eu acho que faz a diferença nesse momento é o indivíduo, o ser humano. Cada
um tem que prezar por valores. Ser mais justo e verdadeiro.
REINALDO WOLFF: Que planos faz para 2013?
JEHANE: A gente já está se preparando.
Porque o Brasil vai ter uma expressão forte a nível mundial. E eu gostaria de
participar desse movimento social todo. Então em 2013 espero já estar mostrando
um pouco do que eu venho preparando ao longo desses 4 anos, desde 2009. Espero
já estar pondo em prática e contando um pouco do que eu venho produzindo como
artista.
REINALDO WOLFF: E quanto a Nova Friburgo -
ainda acha que existem riscos muito fortes? E o que pode ser feito?
JEHANE: Aspecto todo de riscos - Friburgo
na verdade é o retrato da humanidade. A gente tem que cuidar da natureza, respeitar
senão a natureza vai ser revoltar. A transformação da consciência, ela afeta
também o meio ambiente. É necessário as pessoas se conscientizarem, enfim não
jogar lixo, tudo isso. Vai depender muito agora, da questão política nesta fase
de eleições. Vai depender muito dessas transformações todas. Eu não posso
prever. Eu acho que o Deus faz as coisas que tem que ser. Infelizmente, há
males que vêm para o bem. A gente não pode controlar tudo. Existem coisas
incontroláveis.
REINALDO WOLFF: Como é a sua forma de
religião?
JEHANE: É uma grande questão. O meu pai é
judeu. Minha mãe é libanesa. Duas regiões que permanecem em conflito.
REINALDO WOLFF: Você se converteu ao
judaísmo?
JEHANE: Eu acredito em primeiro lugar
laqueia questão do ser humano. Eu acredito muito na religião. Eu sou muito
religiosa, tenho muita religiosidade. Em termos institucionais, eu tenho
restrições. Pelo âmbito das justificativas do ser humano em nome de alguém ou
alguma coisa. Todas as religiões são boas a partir do momento em que a gente
não justifique a matança em nome de alguma coisa. Até porque a mensagem de Deus
é “olhe para o outro ser humano como a si mesmo”. Essa questão é muito forte.
Eu olho para aquilo e vejo que existe uma condição de ideologia. A terra é de
tudo e de todos. Eu fui na casa de Kalil Gibran, lá no Líbano e saí de lá
chorando. Foi uma experiência única. Porque Gibran estava acima da hipocrisia
humana. Meu pai diz uma frase para mim. Acho que é uma frase muito profunda: “O
artista, o ser que está inspirado por uma luz, ele tem duas almas. O artista
está acima de tudo”.
Bela entrevista. Curiosamente também faço esta ponte Rio x Friburgo. Boa sorte em seu novo projeto. P.S.: Você foi na casa de Khalil Gibran?! Nossa! Um dia ainda irei lá! Luz e força!
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