sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A PEDRA BONITA

Na divisa com Tanguá tem a serra do Barbosão. Na divisa com Maricá, a serra do Lagarto e Cassorotiba do Sul. Ao norte e nordeste predominam planícies, o que torna a natureza da região extremamente aprazível aos olhos, e boa para abrigar os novos empreendimentos. Atraídos pelo fenômeno COMPERJ aquela cidadezinha que dormia no tempo está acordando com profusão de novas obras, fenômeno urbano nunca visto por aqui antes. Apesar do início da construção do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro, Itaboraí ainda é um município rural. A especulação imobiliária está descobrindo este filão e desbravando estas áreas. Em plena estrada para Maricá, entre os sítios que vendem plantas, também florescem lançamentos imobiliários de todos os tipos e gostos.




O povo do lugar ainda mantém a manufatura de cerâmica, fruticultura, apicultura, pecuária, e extrativismo mineral como meio básico de subsistência. O setor terciário (comércios e serviços) é principal atividade econômica.


Nas ruas afastadas, e ainda não asfaltadas, os meninos soltam pipa e jogam bola. E sonham com o esporte. Esta vocação natural pelo futebol está bem representada no Estádio Alziro de Almeida (o Alzirão) com capacidade para 4 mil pessoas. E ainda tem uma agremiação: Associação Desportiva Itaboraiense.


REGIÃO RURAL DE ITABORAÍ - De roça, para Rossi
Vejo o cavaleiro à frente da porteira. Perdendo-se até onde a vista alcança, uma estradinha. Duas linhas de terra marcam o gramado. Ao longe trechos de arbustos e árvores de um verde intenso. Sinal que é região de água. Leves inclinações, não chegam a ser montanhas, marcam a linha do horizonte.
- Bom dia, sou Reinaldo Wolff, jornalista.
- O meu nome é Sebastião. Mas todo mundo me conhece como Tião.
Reinaldo - Disseram que este sítio é de um prefeito.
Tião - Foi... dele. Pois é, mas é... Foi vendido! Soube que foi vendido para a Rossi.
Reinaldo - Ah, o senhor quer dizer: todo este terreno aqui?
Tião - Só que... Eles num falaram nada comigo ainda.
Reinaldo - Eles venderam daqui desta estrada até lá nas montanhas, tudo? O senhor vai ser obrigado a se mudar.
Tião - É. Depois de 28 anos morando aqui.
Reinaldo - Vou lhe dar uma sugestão muito boa: é São Lourenço, Minas.
Tião - Eu, pra me mudar, estou pensando em lugares. Ou para São Sebastião do Alto. Ou Itamaraju.
Reinaldo - Onde é São Sebastião do Alto?
Tião - Indo por aqui nesta estrada, passando Friburgo, passa Bom Jardim, passa Monerat, passa Cordeiro, passa Macuco, aí já faz divisa. Pois é, São Sebastião do Alto faz divisa com Santa Maria Madalena, e com Macuco!
Reinaldo - Porque o senhor tem idéia de ir para lá?
Tião - É uma zona assim - pra quem quer mexer com boi, cavalo - lá é bom!
Reinaldo - O senhor já esteve lá?
Tião - Já, eu conheço aquilo tudo. Esse Estado do Rio todo, eu conheço andando a cavalo!
Reinaldo - Ah, queremos conversar melhor com o senhor. Saber as estórias, “os causos”. Onde é que encontramos o senhor?
Tião - Todo dia eu estou aí andando a cavalo.
Reinaldo - Esse aí, é aonde?
Tião - Entra na porteira, segue, lá adiante daquelas árvores é a minha casa.
Reinaldo - Nós somos jornalistas, senhor.
Tião - Aqui meu telefone. Eu já puxei boi de Macuco à Niterói a cavalo. Em 1958. Era 16 dias de viage. Aí, a gente voltava seguindo de perto a linha do trem. Era o gado de Nenê Badinho. Eu levo boi de Itaboraí à Niterói desde 1960. O Estado do Rio eu conheço de ponta a ponta a cavalo. Lá pra cima, Friburgo, São Sebastião do Alto, Santa Maria Madalena, Valão do Barro, Cachoeira de Macabu.
Reinaldo - E o senhor fazia o quê? Levava gado para vender?
Tião - Não. Eu não levava pra vender. Eu puxava boi dos outro. Gado de Nenê Badinho pro matadouro Mariú, em Niterói. Acabou o matadouro de Mariú, entendeu? Eu ganhava pra vim acumpanhá a comitiva. Trazer o gado.
Reinaldo - E agora, o senhor ainda cuida de gado?
Tião - Hoje o gado é meu, né?
Reinaldo - E o senhor faz o que? Vende leite?
Tião - Sim, eu vendo leite... Mas é pouco. Tenho um amigo que faz o queijo muito bom. É lá atrás do Ita Show. Mas é lá em baixo mesmo. Já no Joaquim de Oliveira. Ele é o Adalberto. Fabrica mais de 500 quilos de queijo por dia.
Reinaldo - Ele vende para o Império da Banha? (O supermercado mais central)
Tião - O queijo dele é vendido na feira de São Cristóvão. Ele é um paraíba. O dia que ocês quisé ir nele - passa por aí que a gente vai lá.
Nova Friburgo. Quem sabe terá muito a ver com esta Ita/COMPERJ? // Martha Wolff.

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