segunda-feira, 25 de março de 2013

Um diretor que consegue manter uma escola feliz, é modelo para o Brasil

Vamos conhecer:


Professor José Carlos, diretor do CIEP 308 Pascoal Carlos Magno – Itaboraí, RJ.

A escola
Do Início à Ascenção

Projeto Você é Muito Importante Para Nós © Equipe Wolff.
Entrevista exclusiva ao jornalista Reinaldo Wolff, MT 27672, AFI 253.


Professor José Carlos: Ao meu ver, a minha escola tem essa obrigação - preparar o cidadão para enfrentar a vida em iguais condições com todos.

Reinaldo Wolff: Ainda perdura o conceito do Brizola, CIEP? Em quais aspectos? 
Professor José Carlos: Acho que não perdura não. Quer dizer, tirando o prédio.

Martha Wolff: O que ele pensou como CIEP não é o que é hoje a escola, é isso?
Professor José Carlos: Não. Não é. Porque a proposta não é do Brizola, não é? É do Darcy Ribeiro. O Brizola apenas colocou em prática aquilo que o Darcy Ribeiro. O processo idealizado por ele passava por uma escola que oferecesse conforto para os alunos.

Martha Wolff: A ideia da construção foi excelente. Muito boa mesmo.
Professor José Carlos: É. E eles não pouparam esforços, não é? Você vê que, para começar, pegaram o melhor arquiteto do mundo, ao meu ver, Niemeyer, para projetar. 

Reinaldo Wolff: E quanto à filosofia educacional do Brizola, o que o senhor acha dela? 
Professor José Carlos: Do Darcy Ribeiro, não é?

Reinaldo Wolff: Sim. Os conceitos postos por Darcy Ribeiro junto com Brizola.
Professor José Carlos: Eu vou ser sempre um defensor desse projeto. Até inclusive, quando eu vim para cá, a primeira vez, como diretor em 1994, foi no Governo Brizola. A escola foi inaugurada por mim aqui. Eu acompanhei os dois aspectos, não é? A transição... Então, eu vim para trabalhar nesse projeto mesmo. A intenção era essa. Aprender como aprendi. E tentar colocar em prática aquela ideia da escola em tempo integral. Que é uma ideia que eu defendo até hoje. Hoje mais do que nunca, acho que eles estão vendo que a solução para muitos desses problemas que estão acontecendo hoje talvez fosse isto. A criança ficar mais tempo na escola. 

Reinaldo Wolff: Por exemplo, a parte da tarde poderia ser o profissionalizante. 
Professor José Carlos: Poderia ser o profissionalizante. 

Reinaldo Wolff: Que tanto faz falta, não é? 
Professor José Carlos: É... E poderia ser oferecido outro tipo de ensino também aos alunos. Oficinas de complementação, de leitura, de teatro, de música. Que também são elementos importantes.

Reinaldo Wolff: Quais as prioridades na educação hoje? Que estratégia para clarear os valores prioritários? 
Professor José Carlos: Olha, talvez seja até complicado falar sobre isso. Porque eu sou um representante do Estado. E o Estado está com um política, que eu não concordo. Mas sou obrigado a obedecer porque sou um funcionário do Estado. A partir daquele resultado que colocou o Estado do Rio de Janeiro como um dos piores estados na questão da educação, eles resolveram revolucionar tudo e tem havido uma preocupação grande em mudar. A gente sabe que tem essa preocupação. Mas os métodos que estão sendo utilizados eu não concordo. Mas pelo menos a gente pode dizer que hoje, o Estado possui uma metodologia de modificar o quadro da Educação. Coisa que não existia antes. Eu sempre tenho dito isso nas reuniões de direção. Que pelo menos hoje existe uma proposta, existe uma intenção de acertar. Mas aí, quando a gente começa a avaliar essa proposta, aí a gente encontra uma série de coisas que nós não concordamos. E eu preferia não mencionar isso. 

Reinaldo Wolff: Está certo. Como entende o momento político educacional do Brasil atual? 
Professor José Carlos: Eu diria que nós estamos vivendo um bom momento. A partir do Governo Lula houve a intenção de se liberar mais verbas. Hoje se aplica mais verbas na educação. A questão de se criar um piso salarial nacional para o professor. Aqui no Estado do Rio, e na Região Sudeste, de modo geral, o professor não sentiu muito essa diferença. Mas nós sabemos que, por exemplo, no Nordeste haviam professores que trabalhavam por 100 reais por mês, 200 reais por mês... E são nossos irmãos lá do Nordeste. E você não pode falar em Educação no Brasil se referindo apenas à Região Sudeste, não é? 

Reinaldo Wolff: Seria uma exclusão aos demais. E injusto, por sinal.
JC: Muito injusto! Então eu penso que o momento é novo e eu acho um momento bom. Ainda está muito longe do que pretendemos, mas temos que considerar também que foi muito tempo de abandono mesmo, pela educação. E agora para fazer esta retomada, leva muito tempo.

Reinaldo Wolff: Que objetivos básicos deve priorizar em seus alunos?
Professor José Carlos: A gente trabalha a Educação como um todo, mas eu particularmente, por estar numa região bem carente, eu tenho de além de preparar o aluno como cidadão, eu me vejo na obrigação de tentar encaixá-lo no mercado de trabalho. Agora por exemplo, eu estou preparando um processo aqui, e que nós vamos dar entrada até 31 de março, para autorizar o curso técnico de enfermagem.

MW: Maravilha! O senhor acertou em cheio.
Professor José Carlos: Pois é!

MW: Nós temos sugerido esse curso para o Exército, Marinha...
RW: Eu estive entrevistando o Comandante da Marinha, no Sanatório Naval, lá em Friburgo, e sugeri exatamente isso a ele. Colocarem um curso de enfermagem. Está fazendo falta. 
Professor José Carlos: Então, e com o crescimento que vai haver na população de Itaboraí... Não é? E a ideia é lançar, depois, outros cursos, pelo menos mais uns dois, eu acho que a gente pode lidar com um curso profissionalizantes.

Reinaldo Wolff: E tem data prevista para início?
Professor José Carlos: A ideia é começar a partir de 2014, a gente tem que aprovar até agosto, dar entrada até 31 de março.

MW: E seria aula aqui?
Professor José Carlos: Aqui na escola. Duas turmas, uma à tarde e outra à noite. À tarde para atender os alunos da manhã, que fariam no contra turno. E à noite, para atender os alunos do EJA, que vai concluir o 3º ano e já entra fazendo o profissionalizante.

Reinaldo Wolff: Quais seriam os outros dois cursos?
Professor José Carlos: O Estado nos forneceu uma lista de aproximadamente 20 cursos. Os outros eu vou consultar os alunos para ver qual é...

MW: O senhor falou que seriam mais 2 ou 3. Quais seriam?
Professor José Carlos: Na minha opinião, seria o técnico de meio ambiente. Porque isso? Porque eu tenho bastante professores na casa, que poderiam preencher o quadro. Então esse é um fator favorável. Como é o caso de enfermagem também. Mas existem outros, como por exemplo, técnico em edificações. Mas aí tem que ver o que os nossos alunos querem. Tem um outro também que seria o técnico em química, porque as indústrias que virão para Itaboraí, serão todas do setor de química. Então vai se empregar muita gente nesta área. E tem também o técnico em segurança do trabalho, que também é um curso interessante. Então nós vamos oferecer todos os cursos que o Estado nos ofereceu. Então a gente vai discutir com os alunos.

Reinaldo Wolff: E a parceria público-privado? Seria interessante, neste caso?
Professor José Carlos: Da outra vez que nós pensamos isso, aqui, nós vimos que teria que ser feito com a parceria, não é? Então nós pensamos até em pedir ajuda à PETROBRÁS, por exemplo, para montar os laboratórios. Porque um curso profissionalizante, para mim, tem que ter laboratório. Senão, não é profissionalizante. Para ter aula prática. Só ficar aprendendo teoria, não... Então, nós estávamos preparando todo um processo para ter essa parceria. Primeiro com a PETROBRÁS... Enfim, com outros órgãos. Mas naquela ocasião, nós recebemos a resposta que era pra aguardar porque o Estado ia bancar esses cursos. Aí, agora, veio a proposta e eles estão se propondo a arcar com as despesas.

MW: E quando é que vai ter uma nova reunião estadual, de educação, projetos, e tudo... Não vai ter uma reunião?
Professor José Carlos: Para tratar esses assuntos? Bom, acho que agora eles estão aguardando o prazo que nos foi dado até o dia 31 para esperar as escolas que vão entrar com o processo. A partir daí eles devem chamar, para conversar, os diretores das escolas que entraram com o processo. 

Reinaldo Wolff: O que falta que a comunidade possa fazer para ajudar a escola?
Professor José Carlos: Pois é, nós gostaríamos de contar com uma participação maior da comunidade. Mutirões, e mesmo em reuniões de pais. Mas, tem que compreender também, que uma grande parte dos pais dos meus alunos, precisa trabalhar. Pai, mãe, irmãos... Então, aqui por exemplo, a professora Eliane que é responsável para organizar as reuniões pedagógicas. Então, ela faz reunião 7hrs da manhã, 10hrs da manhã, 7hrs da noite. A mesma reunião para poder pegar os pais em horários diferentes a fim de que eles possam participar. Nós tivemos reunião hoje de 4 turmas, vieram 4 pais. 

Reinaldo Wolff: Professor, essa ideia do Amigos da Escola, funcionaria aqui?
Professor José Carlos: Eu estou esperando ajuda, não é? Eu acho assim - o Amigos da Escola não é a direção que tem que propor. Eu acho que é os pais que têm que propor. Porque se eu chegar para um pai - “Vem cá, o senhor pode ajudar aqui, dar aula de xadrez para os meus alunos?” - “Ah, não sei. Tem que ver o meu calendário, minha agenda... Aí depois eu marco com o senhor”. Marco com os alunos. Aí vêm os alunos e aquele pai não vem. Eu vou cobrar do pai o que? “Ah, o senhor não veio...”. Entendeu? É parte da própria pessoa...

Reinaldo Wolff: É verdade. Professor, e quanto aos dirigentes estaduais, o que falta fazer?
Professor José Carlos: Hoje eu diria que nós estamos sobrecarregados de trabalho. É uma carga de trabalho muito grande nas escolas. Eu, hoje, estou com duas diretoras adjuntas, mas teve uma época que eu estive dirigindo a escola sozinho. Na época que o Marcos ficou doente, e depois ele saiu, eu fiquei um ano sozinho dirigindo a escola. E tanto faz você ter um, ou dois, ou três dirigentes. As cobranças são as mesmas. Eles não querem saber. E são coisas que chegam em um dia pra você aprontar até o meio dia do dia seguinte. É tudo muito corrido, muito em cima da hora. Então, há uma sobrecarga. E um outro problema que a gente passa também é falta de pessoal na escola. E que acaba interferindo no trabalho da direção, diretamente. 


Reinaldo Wolff: Poderia dar uma sugestão, se me permite, colocar o nome do projeto de Amor pela Escola. Que aí cada um vai ter que demonstrar o seu amor pela escola. Fazendo algo que beneficie seu colégio. Porque isso faz falta. Tanto o sentimento cristão do amor. Não o amor egoísta, deturpado. Mas no sentido cristão, puro e verdadeiro. Como a colaboração que este amor possa fazer! Que equivale a Amigos da Escola. Só que em vez de ser os pais dos alunos colaborando, são os próprios alunos. Fazer mutirões no sentido de ajudar a escola. 


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Editoração: Vitória Wolff.

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